quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Urna de ilusões.

Último dia da semana, sem provas difíceis para as quais preciso estudar, não tenho nada para fazer. É incrível como a programação da televisão nas sexta-feiras não é nada legal, o que e é óbvio, pois pessoas normais (ou o grupo no qual não me encaixo) saem nesse tipo de dia.
A grade de canais nacionais está no horário político e, desistindo de procurar, decido assistir para me atualizar nos assuntos do país (ou para rir um pouquinho)...
Posso contar apenas três candidatos nos quais eu pensaria em votar. Sempre, por menor ou maior que seja, há sempre um problema em suas propostas. Tirando esses três, o resto perde até para mim ao falar em público, sem contar que eles não estão, exatamente, falando em público.
Pensamentos idiotas como os de cima continuam a rondar minha cabeça quando uma melodia conhecida começa a sair das caixas de som da televisão.
Imagine, do John Lennon invade meus ouvidos e todos os pensamentos vão rapidamente embora, viro minha cabeça, procurando da onde a música sai e chego na TV, onde a propaganda política continua rodando. Essa, no entanto, me atrai.
O fundo é colorido e alegre, diferente das milhares de bandeiras do Brasil que balançavam estupidamente atrás dos candidatos. A música, como já citei, é linda e traz, realmente, uma mensagem. Nada de slogan, apenas cultura musical. O candidato está sentado no canto do "quadro", parece relaxado e está vestindo uma camiseta amarela com um smile grande na frente.
Todas essas diferenças me fazem pensar que ele é o único que vi até agora, em quarenta minutos de propaganda eleitoral, que não parece se importar com nada, só fica alí, jogada, sorrindo envergonhado e usando a já conhecida camiseta amarela. Ele não precisa discursar (ou ler um telão com um discurso que escreveram para ele), não precisa sorrir falsamente, nem prometer coisas impossíveis, sua presença e postura já esclarecem que tipo de pessoa ele é.
Após alguns minutos, a música para, ele levanta e direciona-se mais perto da tela e faz esse trajeto, por incrível que pareça, de skate. Quando chega, segura na câmera, o que nos leva a idéia de que, dessa maneira, ele quer falar diretamente conosco. E diz:
- Quem votar em mim ganha um país mais limpo, mais simples, mais Brasil e mais 2010. Ah, e eu pretendo pintar o palácio da república de verde. É só, falou, paz.
E, após dizer o que pretendia, olha para o lado como se procurasse algo e, um minuto depois, aparece com uma guitarra nos braços, tocando alguma música do Green Day, a qual não consegui identificar.
Fecho os olhos tentando lembrar a letra da música e, ao abri-los novamente, não vejo mais nenhum colorido na tela da televisão, a bandeira está de volta, homens engravatados lêem coisas sem nexo e caio na real de que cochilei por uns cinco minutos.
Volto a pensar na possibilidade de votar em um dos três candidatos "mais ou menos", dos quais apoio uma ou duas mudanças e sinto um vazio por dentro quando a idéia de votar nulo surge em minha mente.
Votar nulo pode significar egoísmo, burrice ou falta de interesse, mas para mim, isso significa que candidato perfeito não existe e nunca existirá.
A não ser que alguém faça sua campanha vestindo uma camiseta amarela de smile.
"Candidatos reais não são perfeitos. Candidatos perfeitos não são reais."


Textinho pro blorkutando, escrevi de acordo com a segunda proposta.

3 comentários:

Erica Vittorazzi disse...

Quem dera o Brasil fosse levado mais a sério e com mais amor, assim até eu adoraria o candidato da camiseta amarela com smile estampado.


beijos

Patrícia N. disse...

Pena que este tipo de proposta é utopia.Ninguém liga para a paz,para o amor nem para as camisetas com smile estampado.Infelizmente...

Anônimo disse...

The best!!! Pena não ter sido real... Parabéns!

Beijos