terça-feira, 13 de julho de 2010

Rabiscado, sujo e memorizado.

Entrei no quarto correndo, abrindo a porta sem usar um pingo de delicadeza, me arrependendo logo depois de ouvir o barulho desta contra a parede e meu pai gritando de susto. Já era a terceira vez que fazia aquele mesmo caminho após passar 23 minutos rondando a casa inteira em busca de algo, ou "algos" melhor dizendo, que não pareciam estar querendo ser encontrados.
Olho novamente no armário, abro todas as gavetas, tiro tudo que antes estava dentro delas, mesmo sabendo que alí não estaria o que queria encontrar...
- Mãe, MÃE!
- Júlia, eu já disse...
- "Desiste, você perdeu". Eu sei que você já disse, você faz questão de continuar repetindo a mesma frase um zilhão de vezes, enquanto poderia estar me ajudando.
- Júlia, dentro dessa casa, seu tênis não está, tente entender isso. Chegamos de viagem e ele não estava em nenhuma mala, muito menos no carro, o que nos leva a conclusão de que para cá ele não voltou mais. Fique tranquila, você tem mais 2 pares de tênis intactos no seu ármario. E, quem sabe, foi até para o bem de todos essa perda, assim eu não preciso te ver mais com aquela "coisa" suja e rabiscada nos pés.
Nessa hora que realmente pensei que mamãe e sua mente brilhante poderiam estar por trás disso, mas no fundo, eu sabia que nunca niguém se meteria com as minhas coisas a ponto de escondê-las.
- O que você não entende, mãe, é que aquela "coisa" não era só um tênis para mim, eu passei a maioria dos momentos mais importantes com ele...
- Chega de nostalgia menina, não se apegue à objetos.
Podia mesmo parecer estúpido continuar alí parada pensando sobre como seria minha vida daqui pra frente sem o meu all star antigo, eu poderia comprar um outro igual mas demoraria muito tempo para ele virar o que o outro era e, principalmente, não haveria outros shows do McFly, não haveria outra oitava série e tudo o que eu passei com ele não se repetiria.
Em o que irei me apegar, se não à objetos? Pessoas? Prefiro comprar um All Star novo.

(Tudo escrito aqui aconteceu realmente, se você, morador de Minas Gerais, encontrar por aí um tênis da marca All Star, bege -aquilo realmente não é mais branco-, cheio de rabiscos, com cadarços diferentes e histórias para contar, não se apegue, me devolva.)


8 comentários:

taina Gonçalves :) disse...

Parece até inevitável, não se apegar a objetos, eles tem um apelo sentimental, mas como sua mãe disse -NÃO SE APEGUE A OBJETOS...
texto leve, tão gostoso de ler :)

Malu Azzoni disse...

Que triste perder esse tipo de coisa :/
Eu me apego também, muitíssimo. E sofro quando perco, haha. Fazer o quê.

Beijos Ju, saudade!

Jhenifer Pollet ♥ disse...

adorei o texto. adoooro teu blog.
beijos

Larissa Lins disse...

Objetos queridos sempre acabam conquistando meu apego. Se vivi boas histórias com algo, quero vier mais, e acabo acreditando que aquilo viveu tudo junto comigo.

Gabriella Orlani disse...

Nossa mas que raaaaaaiva que dá quando tudo que a gente gosta some!!!!!!

Marina Menezes disse...

Adorei seu texto. Sincero, engraçado e fofo. Me identifiquei, também tenho meu par de all star de estimação ♥
Muito fofa a história. E é mesmo, se apegar a objetos é bem mais fácil.
Beijos <3

Sofis disse...

Como naum se apegar a objetos ??? naum sei. Adorei o seu texto, bem legal :D Seguindo seu blog :)

Nathália von Arcosy disse...

Tenho muito mais facilidade em me apegar a coisas do que a pessoas também! haha

Suma com um livro meu e você vai conhecer a minha ira!!!