segunda-feira, 26 de julho de 2010

Controversas entre coisas boas e ruins.

Claquete
Take #1
Ação!

"A mocinha passa correndo pela cancela que a leva ao trem, com um copo grande de café em mãos, cabelos desarrumados e com a camiseta amassada. Todos os fatores ligados à ela denunciam seu atraso.
Com a mão livre, tenta -inutilmente- arrumar a bagunça em seus cabelos, causada pela posição desconfortável na qual dormira, que encontrava-se escondida em baixo de uma boina antiga azul turquesa.
Procurando uma placa de informações, com a esperança de encontrar um trem que partisse um pouco depois do que o que ela acabara de perder, não enxerga a pessoa em sua frente, chocando-se acidentalmente.
A gentileza de seu "alvo" ficou clara assim que este, logo após se levantar da queda, estendeu sua mão, oferecendo ajuda e perguntando se poderia lhe pagar outro copo de café."

Ela estava desarrumada, atrasada, uma total bagunça no dia em que conheceu seu marido, aquele que 35 anos após ser derrubado por uma estranha na estação de trem, a amava incondicionalmente.

Claquete
Take #2
Ação!

"O vilão andava distraído. Sentia-se sozinho e pequeno em meio à tanta gente alegre no parque. Lembrava-se de sua infância, a qual passara alí naquele gramado extenso, que continuava molhado e exalava a mesma fragrância, mesmo com toda a população crescente na cidade. Alí, sentado no meio fio da ciclovia, encontrou seu antigo eu, encontrou bondade em seu coração e, mesmo sabendo de sua situação e de todo o ódio que o cercava, encontrou forças para mudar, sentiu o empurrão que há tempos procurava.
Assim que levantou, desviando de um garoto de skate, sentiu sua cabeça pesar e o arrependimento lhe abraçar, foi quando o vento soprou, trazendo consigo um papel, que, aderindo ao clichê, parou exatamente em sua frente."
-Procuramos roteiros para um novo filme baseado em fatos reais. Queremos histórias marcantes e finais dignos de mudança.- Dizia o anúncio que mudou a vida do Vilão, que agora, sentado na grama gelada e molhada do extenso parque verde, escrevia o fim de sua autobiografia titulada de "A Reviravolta do ganhador de um dos prêmios da academia".

Claquete
Take #3
Ação!

"Estava eu alí, sentada na mureta que delimitava o jardim da biblioteca. Minhas mãos geladas contra minhas bochechas quentes queimadas pelo vento frio de inverno. Procurava uma solução ao mesmo tempo em que procurava minha chaves. As duas pareciam querer fugir de meu controle, logo agora quando eu mais precisava. A chave abriria a porta de casa, onde eu encontraria roupas quentes e um creme para o meu rosto "queimado", a chave me levaria ao conforto. A solução abriria minha mente, onde eu encontraria o que eu queria realmente fazer, em quem realmente eu acreditava.
Já quase desistindo, mentalizava o que via sempre nos filmes e livros: coisas ruins acontecem com um porquê. Se chove, você encontra alguém que não vê a muito tempo disposto a te dar uma carona, se perde as chaves, seu novo vizinho bonitão te oferece conforto até o chaveiro chegar e assim vai, uma pilha de piegas... Olho para um lado, ouço o ronco da minha vizinha de 87 anos que não sabe ao menos o meu nome e o frio não parece passar...
Quem sabe é só nos filmes mesmo, não é?
Ou, quem sabe assim, com coisas ruins não atraindo coisas boas, coisas boas não atraem ruins e minha vida pacata continua, igual, bege..."
Essa história ainda não tem um final.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Rabiscado, sujo e memorizado.

Entrei no quarto correndo, abrindo a porta sem usar um pingo de delicadeza, me arrependendo logo depois de ouvir o barulho desta contra a parede e meu pai gritando de susto. Já era a terceira vez que fazia aquele mesmo caminho após passar 23 minutos rondando a casa inteira em busca de algo, ou "algos" melhor dizendo, que não pareciam estar querendo ser encontrados.
Olho novamente no armário, abro todas as gavetas, tiro tudo que antes estava dentro delas, mesmo sabendo que alí não estaria o que queria encontrar...
- Mãe, MÃE!
- Júlia, eu já disse...
- "Desiste, você perdeu". Eu sei que você já disse, você faz questão de continuar repetindo a mesma frase um zilhão de vezes, enquanto poderia estar me ajudando.
- Júlia, dentro dessa casa, seu tênis não está, tente entender isso. Chegamos de viagem e ele não estava em nenhuma mala, muito menos no carro, o que nos leva a conclusão de que para cá ele não voltou mais. Fique tranquila, você tem mais 2 pares de tênis intactos no seu ármario. E, quem sabe, foi até para o bem de todos essa perda, assim eu não preciso te ver mais com aquela "coisa" suja e rabiscada nos pés.
Nessa hora que realmente pensei que mamãe e sua mente brilhante poderiam estar por trás disso, mas no fundo, eu sabia que nunca niguém se meteria com as minhas coisas a ponto de escondê-las.
- O que você não entende, mãe, é que aquela "coisa" não era só um tênis para mim, eu passei a maioria dos momentos mais importantes com ele...
- Chega de nostalgia menina, não se apegue à objetos.
Podia mesmo parecer estúpido continuar alí parada pensando sobre como seria minha vida daqui pra frente sem o meu all star antigo, eu poderia comprar um outro igual mas demoraria muito tempo para ele virar o que o outro era e, principalmente, não haveria outros shows do McFly, não haveria outra oitava série e tudo o que eu passei com ele não se repetiria.
Em o que irei me apegar, se não à objetos? Pessoas? Prefiro comprar um All Star novo.

(Tudo escrito aqui aconteceu realmente, se você, morador de Minas Gerais, encontrar por aí um tênis da marca All Star, bege -aquilo realmente não é mais branco-, cheio de rabiscos, com cadarços diferentes e histórias para contar, não se apegue, me devolva.)


quinta-feira, 1 de julho de 2010

Reflex(ão)

Em frente ao espelho.
Braço direito.
Braço esquerdo.
Sorrindo por fora.
Chorando por dentro.